"PT põe o bloco na rua" por Samuel Celestino

Nelson Pelegrino merecia a quarta chance de ser candidato à Prefeitura de Salvador, mas o jogo democrático - e o PT foi exemplar neste aspecto - determinou o fim de um sonho e entregou ao qualificado deputado Walter Pinheiro a missão de representar o partido nas eleições deste ano. Pelegrino investiu o seu capital político em Salvador, onde é muito bem votado, e mergulhou nos problemas da cidade, imaginando que pudesse vir a ser eleito para o Thomé de Souza. Mas perdeu o impulso, o fôlego, diante do novo, Walter Pinheiro, que conseguiu reunir as forças políticas maiores do partido no Estado, inclusive o governador Jaques Wagner que, mesmo à distância, sem corpo a corpo, deixou clara a sua preferência nas prévias. Diferentemente das eleições para os comandos dos Diretórios Regional e Municipal de Salvador, a disputa, acirradíssima, aconteceu em altíssimo nível, entre dois competidores rivais tão somente no voto, mas conscientes de que o resultado que emergisse da maioria seria democraticamente acatado. Esperava-se um número maior de votantes e, nesse aspecto, houve frustração. De resto, o PT foi muito bem, travou uma disputa correta e, agora, está a correr atrás do tempo perdido de modo a tentar formalizar alianças com os partidos ditos de esquerda ainda não comprometidos. Duas conversas são essenciais. Com o PSB, cuja pré-candidata é Lídice da Mata, que já revelou que "conversa para apoiar ou ser apoiada" e pelo PCdoB, ocupado pelo nome de Olívia Santana. O PT terá que ser rápido nos seus diálogos, nos seus acordos, porque os seus principais adversários já estão com seus blocos na rua.

(Samuel Celestino)
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